Por Marcel Frota
Reajuste dos servidores do Judiciário é principal item da pauta e Planalto trabalhou para impedir que assunto fosse deliberado
Terminou frustrada a tentativa da oposição de votar os vetos presidenciais na manhã desta quarta-feira. Na pauta, o reajuste dos servidores do Judiciário é o que mais preocupa o Planalto, que após enviar proposta orçamentária deficitária em R$ 30 bilhões para o Congresso, não quer nem ouvir falar em novas despesas. O governo articulou para derrubar a sessão, que se arrastou muito mais do que o planejado, gerando desgaste. Ao término da sessão, manifestantes protestaram nas galerias do Plenário.
Havia um acordo de partidos da base e do governo com o deputado Waldir Maranhão (PP-MA) para que a sessão fosse encerrada 30 minutos depois de aberta, conforme prevê o regimento em caso de falta de quórum. Assim, os governistas boicotaram o início da sessão para evitar número mínimo de parlamentares presentes para apreciação dos vetos. Maranhão, entretanto, para fúria do governo, acabou estendendo a sessão para além dos 30 minutos, causando constrangimento a deputados da base.
Quase uma hora depois da abertura, finalmente Maranhão encerrou a sessão, para revolta de manifestantes presentes nas galerias, que entoaram gritos de “justiça” e “derruba o veto”. Os manifestantes também cantaram o hino nacional e exigiram a reabertura dos trabalhos. Um grupo de parlamentares está na sala da presidência do Senado tentando com o presidente de Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL) a reabertura da sessão.
Há uma concentração de manifestantes, servidores do judiciário que exigem a derrubada do veto presidencial que barrou o reajuste da categoria, também em frente ao Congresso. A parte que não pode entrar no Parlamento protesta do lado de fora como buzinas, tambores e discursos. “Isso é coisa de moleque. Estão fechando o parlamento brasileiro. Não querem que os vetos sejam apreciados. O governo renunciou a sua obrigação de governar e deveria então renunciar de uma vez”, vociferou o deputado tucano Domingos Sávio (MG).
“Pedi para o Waldir (Maranhão) encerrar a sessão com base no regimento interno. Não vamos ceder ao corporativismo e quebrar o país. Foi o corporativismo que quebrou o a Grécia. Até empurrão o presidente Waldir levou. Sorte que não foi comigo, se fosse ia para o tapa também”, diz o vice-líder do governo na Câmara, deputado Silvio Costa (PSC-PE).
Costa chegou a dizer que a derrubada do veto que impede o reajuste dos servidores do judiciário teria um impacto de R$ 49 bilhões aos cofres públicos. “Tem uma estratégia do governo para não votar. O governo está conversando com os partidos, procurando parlamentar por parlamentar para não votar porque essa pauta bomba dá um prejuízo ao Brasil de R$ 49 bilhões”, diz Costa, que chegou a ser assediado por opositores durante entrevista.
No dia 30 de junho, o Senado aprovou reajuste de até 78% para servidores do judiciário a ser aplicado a partir de 2015 até 2017. No dia 21 de julho, a presidente Dilma Rousseff vetou argumentando inconstitucionalidade do projeto e “contrariedade ao interesse público”. Na ocasião, a presidente chegou a estimar em R$ 25,7 bilhões o impacto do reajuste para os próximos quatro anos. É exatamente este veto que a oposição tenta derrubar sob aplausos dos manifestantes do Judiciário.
Fonte: Último Segundo