O ministro da Defesa, Jaques Wagner, disse nesta quarta-feira que questionou a Argentina por sua aproximação da China no setor militar, mas descartou qualquer atrito com o país vizinho, que qualificou como “um parceiro importante”.
Wagner afirmou que tratou sobre a questão com o ministro de Defesa argentino, Agustín Rossi, durante visita realizada a Buenos Aires na semana passada, embora, segundo ele, este não tenha sido o assunto central da reunião.
“Saí de lá (Buenos Aires) com a afirmação de que a Argentina dá prioridade para sua associação com a Unasul”, disse Wagner, em referência à União de Nações Sul-Americanas.
A declaração foi feita durante entrevista coletiva na feira de defesa LAAD, que está sendo realizada no Rio de Janeiro.
O ministro considerou normal que a Argentina negocie com outros países, não somente no setor de defesa, mas em qualquer área, e valorizou a alta “capacidade de financiamento” que a China pode oferecer.
Wagner revelou que a China propôs a venda de caças de combate para a Argentina, que necessita substituir em breve seus Mirage, mas assegurou que Buenos Aires não descartou a compra dos Gripen NG que o Brasil fabricará em associação com a Suécia.
Na opinião do ministro, existem formas de se encontrar soluções para os possíveis impedimentos que o Reino Unido pode apresentar para a exportação dos caças à Argentina por motivos políticos, já que o Gripen contém sistemas de fabricação britânica.
“Quem tem a tecnologia, tem capacidade de criar obstáculos de venda para este ou aquele país”, disse Wagner.
Uma das soluções seria a substituição dos equipamentos britânicos no Gripen por sistemas de outros países nos caças que seriam vendidos para a Argentina.
A outra possibilidade, segundo Wagner, seria a Argentina e o Reino Unido solucionarem suas diferenças pela soberania das ilhas Malvinas “em uma negociação presidida pela ONU”, embora tenha admitido que essa não é a saída mais fácil.
Na terça-feira, a companhia sueca Saab e a Embraer anunciaram que estão negociando exportar de forma conjunta os caças de combate Gripen NG que serão fabricados no Brasil.
As vendas poderiam começar em torno de 2023 e 2024 e o Brasil seria responsável pelas negociações com os países latino-americanos, embora os detalhes do acordo ainda não estejam definidos.
A LAAD é a maior feira de defesa e segurança da América Latina e reúne delegações oficiais de cerca de 650 expositores de 71 países.
Fonte: Terra