Luta sindical se fortalece diante da tentativa de massacre político aos trabalhadores

Cientes da dificuldade que teriam com o novo cenário Legislativo, resultado de uma

bancada reacionária e neoliberal, primordialmente formada pelo empresariado,

tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado Federal, os trabalhadores

iniciaram o ano mobilizados. A CTB, reforçando seu importante papel no movimento

sindical, permanece alerta, atuante e proativa em todas as mobilizações nacionais

que destacam a defesa dos trabalhadores, lutando incansavelmente contra as

iniciativas que penalizam a sociedade.

Exemplos dessas investidas prejudiciais são as MPs 664 e 665, editadas no

apagar das luzes de 2014, que alteram as regras para o acesso a direitos

previdenciários e trabalhistas. Mas o massacre ao trabalhador não para por aí. O

presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, numa pauta orquestrada

com a oposição, anunciou a votação do PL 4.330/04, permitindo a terceirização

ilimitada e irrestrita no mercado de trabalho. Não bastando, apressa agora a

votação da PEC 182/07, que trata da reforma política.

Direitos

O esforço empreendido ao longo dos últimos meses, o apelo popular, as intensas

manifestações, as mobilizações no Congresso, quase todas com trabalhadores

barrados na porta de entrada da Casa Legislativa, não foram suficientes para

reverter o quadro de aprovação das matérias. Na Câmara, as MPs 664/14 e 665/14

e o PL 4.330/04 já foram aprovados.

Já o Senado Federal finalizou a votação da MP 665, que mudou as regras do

seguro-desemprego e do abono salarial, que segue para sanção, e deve finalizar a

votação da MP 664, que estabelece regras mais rígidas para o acesso à pensão por

morte e ao auxílio-doença, com a mesma perspectiva de aprovação, contando com

o apelo da flexibilização do fator previdenciário, que certamente será vetado pela

presidenta Dilma Rousseff (que já vetou texto que previa restrição no acesso ao abono salarial).

O presidente da CTB, Adilson Araújo, em diversas oportunidades, já afirmou que o

governo tem condições de escolher outro caminho para custear o ajuste fiscal que

não seja pela penalização dos trabalhadores. “O efetivo combate à sonegação e a

regulamentação do imposto sobre grandes fortunas são exemplos viáveis para um

ajuste fiscal”, afirma.

Terceirização

O PL 4.330/04, que tramita no Senado Federal como PLC 30/2015, representa o

maior retrocesso para os trabalhadores, ampliando a terceirização

indiscriminadamente para qualquer atividade das empresas, inclusive na atividade-

fim, institui a responsabilidade subsidiária contra a responsabilidade solidária das

empresas, institui a quarteirização e pulveriza a organização sindical.

A mobilização é intensa, constante e reúne não só o movimento sindical, como a

OAB, magistrados, procuradores, advogados trabalhistas e parlamentares

progressistas.

Para o vice-presidente Nacional da CTB, Joílson Cardoso, os trabalhadores não

devem pagar a conta da crise. “Não é preciso que o custo do desenvolvimento

nacional recaia sobre os trabalhadores do Brasil, que sejamos nós a pagar a conta

da crise com redução de salários e jornadas mais longas, como quer o projeto da

Lei da Terceirização”, afirmou.

Cardoso explica que terceirização é um instrumento usado sob o mito de otimizar a

gestão das empresas, que visa apenas aumentar os lucros, diminuindo a folha de

pagamento e impostos, acarretando a precarização das relações de trabalho. Não

bastando, o projeto transforma os trabalhadores em “coisas”, gerando impactos

negativos em sua organização sindical, visto que estarão diluídos nas inúmeras

terceirizadas e por vezes até quarterizadas sem vínculos com a empresa principal.

“Podemos afirmar que é falso o argumento de proteger os mais de 12 milhões de

terceirizados, quando na verdade o que se deseja é rebaixar para os patamares da

precarização os mais de 34 milhões de trabalhadores, que com muita luta

conquistaram, pela pressão e negociação dos seus sindicatos, vantagens acima da

Consolidação das Leis do Trabalho, que é o direito mínimo”, ressalta.

O cenário desfavorável para os trabalhadores só reforça o sentimento de luta. Na

sexta-feira (29), aconteceu o Dia Nacional de Paralisação e Mobilizações Rumo à

Greve Geral, que balançou mais uma vez o país. “É a classe trabalhadora dando o

seu recado de que não aceita corte de direitos e quer avançar na democracia”,

destacou o presidente da CTB, Adilson Araújo.

Para o presidente, este momento é decisivo na resistência contra ao projeto de

terceirização da forma generalizada. “A classe trabalhadora luta pelo direito à sua

dignidade, pela valorização do trabalho e por um novo curso no desenvolvimento

social. O projeto previsto pretende subtrair direitos, sobretudo criado no ambiente

de escravidão. A mobilização que acontece em todo Brasil dá sentido à luta da

classe trabalhadora com mais dignidade”, afirma Adilson Araujo.

Reforma Política

Se havia alguma esperança para que a reforma política desse um passo para o fim

do caixa dois, ela acabou com a votação em primeiro turno da PEC 182/07. O

Plenário da Câmara dos Deputados aprovou o financiamento privado de campanhas

com doações de pessoas físicas e jurídicas para os partidos políticos e com doações

de pessoas físicas para candidatos. O fim do financiamento privado das campanhas

é uma das principais bandeiras da Coalizão pela Reforma Política e Democrática, da

qual a CTB é integrante juntamente com a CNBB, a OAB e outras dezenas de

entidades da sociedade civil organizada.

Pela emenda aprovada, o sistema permanece misto – com dinheiro público do

Fundo Partidário e do horário eleitoral gratuito – e privado, com doações de

pessoas e empresas. A aprovação desse ponto, durante a análise da reforma

política pelo Plenário da Câmara, se deu em meio a protestos do PCdoB, PT, Psol e

PSB. Esses partidos argumentaram que o Plenário já havia rejeitado em sessão

uma emenda sobre o tema. Porém, manobras regimentalistas do deputado Eduardo

Cunha demonstram as verdadeiras intenções pessoais com que tem conduzido as

votações em Plenário, ferindo, inclusive, acordo de lideranças. Numa dessas

manobras conseguiu-se aprovar o financiamento privado de campanha.

Sessenta e três deputados federais de seis partidos (PCdoB, PT, Psol, PSB, PPS e

Pros) vão recorrer à Justiça contra a votação da Câmara. O deputado Chico Alencar

(Psol-RJ) informou que os parlamentares entregaram procuração a advogados da

OAB para levar a iniciativa adiante. “Para entrar com mandado de segurança contra

a votação – a nosso ver, ilegal, ilegítima e antirregimental. Além do mérito,

questionamos o método também. Essa ação na Justiça vai correr agora pela

nulidade daquela votação”, disse.

O presidente nacional da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, informou que o

assunto será remetido à análise da Comissão de Estudos Constitucionais, a fim de

procurar eventuais inconstitucionalidades materiais ou formais nos procedimentos

de votação. Ele afirmou que o processo legislativo é elencado na Constituição e não

pode ser “burlado ou adaptado”. Em nota, o Colégio de Presidentes das Seccionais

da OAB manifestou preocupação com a “aparente violação do devido processo

legislativo” durante a votação do financiamento de campanhas eleitorais por

empresas.

O momento é de atenção contínua e de mobilização constante. Os trabalhadores

precisam se unir para o fortalecimento sindical e, desta forma, lutar pelo

desenvolvimento nacional sem que haja o sacrifício dos próprios trabalhadores

nesse processo.

Fonte: CTB

 

 

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