Rio de Janeiro – A democracia é um princípio que pressupõe a interação entre os atores políticos envolvidos. Na Grécia clássica, o berço do modelo democrático, a ideia dialética de interação entre o povo e quem o governa sempre foi um princípio norteador. E o que nos interessa aqui é ressaltar o caráter integrador e democrático que a comunicação pode e deve exercer no serviço público e nas instituições representativas, como no caso da relação dos sindicatos com seus filiados.
Em entrevista recente, o filósofo brasileiro Mário Sergio Cortela utilizou o termo democracia interativa, que se encaixa perfeitamente no contexto social e tecnológico para o qual estamos caminhando. Como o boom tecnológico e comunicacional das últimas duas décadas, novas formas de relações políticas estão se desenvolvendo nesse sentido. Aágora grega – local onde os cidadãos da pólis se reuniam para debater e deliberar – está aos poucos se movendo do espaço físico: parlamento; praças e fóruns, para a o espaço virtual. Um ótimo exemplo disso ocorre na cidade canadense de Edmonton, na província de Alberta. No Citzen’s Jury os cidadãos de Edmonton se reúnem de maneira inovadora utilizando a plataforma virtual. Deliberativo e inclusivo, o projeto promove a ação direta dos habitantes no desenvolvimento de políticas, planejamento estratégico ou de avaliação das políticas públicas, tudo isso através de votações e interações na internet.
No Brasil começamos a caminhar na direção de uma política de participação popular mais inclusiva, apesar da grande resistência de setores do congresso e da sociedade conservadora. O decreto 8.243/14 que institui a Política Nacional de Participação Social – PNPS e o Sistema Nacional de Participação Social – SNPS, nos traz um arcabouço legal para começar políticas nesse sentido, e a comunicação é um fator central em todo este processo. A relação entre a comunicação e a cidadania está intimamente ligada com o sucesso da democracia interativa.
No serviço público não é diferente. A comunicação é um elemento central da governança inteligente, seja na sua execução, como no acompanhamento destes serviços pela população beneficiada, permitindo que o cidadão possa interagir enviando questões e sugestões, exercendo assim uma cidadania participante.
Por tanto, a comunicação deve se dar numa via de mão dupla, não é apenas informar imperativamente, mas deve ser uma experiência dialógica/dialética. Uma atividade formativa para ambos, ao invés de meramente informativa, uma tarefa pedagógica, formando o cidadão e o empoderando com instrumentos para agir e entender sua posição no jogo político.
É neste espírito de cooperação e interação entre serviço público, sindicato e filiados, que surge o novo portal do Sinfa-RJ. Através da nova plataforma é possível uma comunicação mais efetiva entre as partes. O canal “Fala Servidor” é o ponto alto desta comunicação de mão dupla. A ideia é estreitar cada vez mais a troca de informações e experiências acumuladas ao longo das lutas e do cotidiano dos servidores filiados.
Como disse em Pedagogia do Oprimido, um dos nossos maiores pensadores, Paulo Freire: “Ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”.
Por Aviner Escobar