O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), jura de pés juntos que comandará a casa dos deputados federais com ponderação em relação ao governo, mesmo tendo se anunciado oficialmente na oposição à presidente Dilma Rousseff.
Você acredita?
Logo depois do anúncio Cunha deu andamento a 12 pedidos de impeachment contra a presidente que estavam parados na Câmara e autorizou a criação de duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) — a dos Fundos de Pensão, e a do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Ele também já pautou para agosto as votações de todas as prestações de contas de ex-presidentes da República que estavam encalhadas (desde o governo Fernando Collor de Mello), para poder votar a conta de 2014 do governo Dilma tão logo o Tribunal de Contas da União dê seu parecer sobre as chamadas “pedaladas” da equipe econômica da primeira gestão da atual presidente.
Pois é. O Palácio do Planalto também não acredita que Cunha agirá com ponderação e já estabeleceu como principal meta do coordenador político co governo, o vice-presidente da República Michel Temer, que também é presidente nacional do PMDB, driblar oposicionismo de Cunha.
E os primeiros testes virão logo na primeira semana do Congresso: a votação dos vetos presidenciais ao fator previdenciário e ao projeto que dobra o valor do reajuste do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.
Os vetos são votados na Câmara e no Senado. Nesse dois casos, as previsões são de extrema dificuldade para manter o veto na Câmara, mas com maior possibilidade de vitória do governo no Senado.
O Senado, assim, presidido por Renan Calheiros (PMDB-AL), tornou-se o fiel da balança entre Eduardo Cunha e o Palácio do Planalto.
Não foi à toa que, durante o anúncio da nova meta de superavit fiscal, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, fez questão de citar o “bom diálogo” que vem mantendo com Renan Calheiros.
Renan e Temer são, portanto, as chaves do governo no PMDB para tentar frear o oposicionismo de Cunha.
Com Renan, a presidente mesmo pretende intensificar encontros e conversas visando amainar suas críticas, ouvir sugestões e atender reivindicações. Neste último item, dentro do possível. Porque, tal como o presidente da Câmara, o presidente do Senado também está sob ameaça de ser denunciado pela Operação lava Jato. E Dilma tem informado a todos que não dispõe de condições de interferir nas denúncias.
No caso de Eduardo Cunha, Temer está concluindo esta semana sua corrida para liberação de cargos e emendas dos parlamentares ao Orçamento, em troca do apoio nas votações na Câmara. Há discussões ainda no governo se vale liberar tudo agora ou ir soltando à medida em que avancem as votações.
Fonte: Último Segundo