Presidente concedeu entrevista ao diario ‘El Comercio’.
Ela viajará ao país nesta terça (26) para cúpula de países latino-americanos.
Por Filipe Matoso
A presidente Dilma Rousseff afirmou em entrevista ao jornal equatoriano “El Comercio” que a economia do Brasil “não parou nem vai parar”. A entrevista foi divulgada pelo veículo neste domingo (24).
Dilma viajará ao Equador nesta terça (26) para se encontrar com o presidente Rafael Correa e participar, na quarta (27), em Quito, da cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribe (Celac).
“Confio que a economia brasileira vai superar os desafios e emergir mais forte e mais competitiva. […] Em que pesem as dificuldades temporárias, o Brasil não parou e não vai parar”, disse ela, após ter sido questionada sobre o que o governo planeja para reduzir os impactos da recessão econômica.
Conforme o Boletim Focus desta semana, divulgado mais cedo pelo Banco Central, oseconomistas do mercado financeiro preveem que, diante do atual cenário, haverá retração de 3% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2016 e a inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), chegará a 7,23%. Para o ano que vem, a previsão de inflação é de 5,65%.
A presidente também disse ao jornal que o país vive um momento de transição econômica e que o governo tem feito “grande esforço” para se adaptar à nova realidade mundial.
Dilma declarou que seu governo está empenhado em recuperar o equilíbrio fiscal, reduzir a inflação e restaurar a confiança dos investidores para que a economia do país viva um novo momento de crescimento.
“Simultaneamente ao esforço fiscal, lançamos programas para fazer avançar os investimentos, particularmente em conjunto com o setor privado. Menciono, por exemplo, o Programa de Investimento em Logística, o Programa de Investimento em Energia Elétrica e o Plano Nacional de exportações”, disse.
A presidente afirmou que o governo não se descuidou dos direitos sociais e das conquistas dos últimos 13 anos, desde que o PT chegou ao poder.
Perguntada sobre como sustentar o modelo de desenvolvimento iniciado no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve como principal bandeira a ascensão social, Dilma afirmou que o Brasil viveu, desde 2003, uma “transformação estrutural profunda” e que, por isso, foi possível que 36 milhões de pessoas deixassem a pobreza extrema.
“Não vamos retroceder em políticas exitosas de inclusão social e não nos descuidaremos daqueles que mais necessitam. Ainda em um contexto em ajuste, mantivemos os programas sociais e os principais investimentos”, disse.
Venezuela
Ao responder sobre o atual cenário venezuelano, que envolve tanto uma crise política quanto econômica, Dilma disse que tem ocorrido “de tudo” menos “silêncio” por parte do Brasil em relação ao país vizinho.
Neste mês, tomou posse a nova Assembleia Nacional, de maioria oposicionista ao governo de Nicolás Maduro. Antes da posse dos novos parlamentares, Maduro retirou do Legislativo o poder de indicar os diretores do Banco Central e, no fim do mês passado, a Justiça venezuelana suspendeu a eleição de três deputados que fazem oposição ao atual regime.
“Acompanhamos com muita atenção os sucessos do nosso vizinho do norte, um país irmão com o qual mantemos excelentes e sólidas relações. E temos estado muito presentes e atuantes, de forma individual ou em conjunto com os demais membros da Unasul, em áreas para contribuir com o diálogo e a busca de soluções”, declarou.
Dilma, porém, afirmou também que não há lugar, na América do Sul do Século XXI, para “soluções políticas à margem da institucionalidade e do mais absoluto respeito à democracia e ao estado de direito”.
Impeachment
Dilma também dedicou parte da entrevista ao “El Comercio” ao processo de impeachment que ela enfrenta na Câmara dos Deputados.
Assim como tem feito desde que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acolheu o pedido, ela voltou a dizer que, em seu governo, a Polícia Federal tem “autonomia total” para investigar casos de corrupção e que Justiça, respaldada na Constituição, tem atuado de maneira independente.
A presidente declarou ainda que o país tem uma democracia “dinâmica, jovem e forte” e que garante a “mais plena” liberdade de imprensa e de manifestação. Segundo Dilma, todos os brasileiros têm garantidos seus direitos individuais e sociais que a geração dela “tanto lutou para conquistar.”
“Quando há divergências, a melhor saída é o debate de ideias. Não é aceitável, em uma sociedade democrática e participativa, tirar um presidente apenas por divergência política, sem nenhum respaldo jurídico”, acrescentou.
Fonte: G1