Mujica pede integração da América Latina e diz que Estado deve focar nos pobres

POR DAVID SHALOM

 

Ao lado de Lula e Dilma, ex-presidente do Uruguai foi um dos convidados do 12º Congresso Nacional da CUT, em São Paulo

 

Enquanto as duas outras estrelas da noite focaram praticamente todos os seus discursos em atacar a oposição que tenta derrubar Dilma Rousseff da presidência, o outro convidado optou por ir um pouco além.

 

Não que José Pepe Mujica, ex-chefe do Executivo do Uruguai, não tenha defendido a petista durante sua fala na abertura do 12º Congresso Nacional da Central Única dos Trabalhadores, realizada na noite de terça-feira (13), na zona norte de São Paulo.

Mas o hoje senador de 80 anos optou por dar uma abrangência maior do que Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff aos temas abordados no palco — incluindo quando sobre a própria questão do impedimento —, ressaltando a necessidade de integração na América Latina e apelando aos políticos da região para terem como objetivo ajudar as classes menos favorecidas.

 

“O mundo está hoje organizado em blocos gigantescos. Então, temos de fazer o mesmo aqui. Sei que é difícil, a cultura é débil, a economia, especuladora. Mas, se não nos integrarmos com inteligência, pensando no futuro, não nos integraremos”, disse Mujica.

 

“Existem fortunas de fundos que superam toda a economia da América Latina. Isso de especulação. Precisamos mudar as coisas, fazer política tem de ser sonhar pelo que está por vir. Temos de nos juntar a despeito de nossas diferenças e nos proteger para sermos fortes neste mundo.”

 

Mujica não ignorou a questão do impeachment, naturalmente. Em um evento marcado pela defesa ao governo Dilma, com a presença da própria e de seu padrinho e antecessor, o ex-presidente uruguaio inclusive abriu seu discurso ressaltando o valor da democracia, palavra usada em todos as falas da noite para defender a permanência da petista no poder.

 

Mas o tema acabou abordado apenas por cima. Para além da integração latino-americana, o foco de Mujica em seu discurso foi encorajar as classes trabalhadoras a seguirem na luta por seus direitos e pedir aos líderes de países para que se foquem em acabar com as desigualdades sociais, “pois o contrário é falta de decência humana” —incitando as pessoas a se desapegarem de acumular mais e mais dinheiro para simplesmente viverem.

 

Foi este último o tema em que o senador, conhecido por sua simplicidade, acabou se estendendo mais – e exaltando a voz diante de um público que, se não entendia bem seu espanhol, conhecia bem as principais palavras ditas por ele no discurso, sempre vibrando com gritos ao ouvi-las.

 

“Não creia que o dinheiro traz felicidade. O valor mais importante está aqui [na cabeça]. É você andar tranquilo pela rua. O verdadeiro pobre é a cultura burguesa de achar que se deve acumular, acumular e acumular sem tempo de viver”, apontou. “E o Estado tem de assumir o cargo de acabar com as desigualdades do povo, pois o contrário é a falta de decência humana.

Fonte: Último Segundo

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