1º de Maio – Dia do Trabalhador e da Trabalhadora

Foi em Porto Alegre, capital gaúcha, que ocorreu em 1892 a primeira comemoração do 1° de Maio em praça pública no Brasil. O evento foi realizado um ano depois de a Segunda Internacional Socialista decidir que seria um dia de luta em todos os países. Quem lembra este fato é o historiador Raul Carrion. Ele acrescenta, ainda, que este ano completam 70 anos do assassinato — em Rio Grande, pela Polícia — de quatro lideranças operárias ligadas ao Partido Comunista do Brasil. Em uma manifestação de 1° de Maio, eles lutavam pela reabertura da União Operária de Rio Grande, que havia sido fechada oito meses antes pelo ministro da Justiça.

No episódio, foram mortos a tecelã Angelina Gonçalves, o portuário Honório Couto, o ferroviário Osvaldinho Correia e o pedreiro Euclides Cunha. Outro grande líder operário e vereador comunista Antônio Rech foi baleado na coluna e ficou paraplégico. Também foram baleadas outras lideranças operárias, entre as quais os operários Osvaldino Borges Dávila e Amabílio dos Santos. Na ocasião, governava o Rio Grande do Sul o ex-juiz e ex-promotor Walter Jobim, do PSD, avô do ex-ministro Nelson Jobim.

Logo após a morte dessas lideranças, os operários assassinados foram enterrados num grande féretro em que os trabalhadores em caminhada usaram suas golas levantadas para simbolizar o apoio àqueles mártires e às suas causas. Cerca de 5 mil pessoas participaram do cortejo. “Isto nos mostra, em primeiro lugar qual o significado histórico, simbólico, dos primeiros de maio, algo que de certa forma, talvez até por desconhecimento, esteja se perdendo”, ressalta Carrion.

Por isso, reafirma Carrion, ao contrário do que se diz, o 1° de Maio não é o dia do trabalho, um feriado festivo, onde patrões e operários confraternizam. Mas, o Dia Internacional de Luta dos Trabalhadores. Sua origem está na luta da classe operária pela redução da jornada de trabalho. No século XIX, início do século XX, era de 16, 14, 12 horas de trabalho diárias. Sem direito a descanso remunerado, sem direito a férias, aposentadoria, seguro acidente ou seguro doença. Com o surgimento em 1864, sob a inspiração de Karl Marx da Associação Internacional dos Trabalhadores, a redução da jornada de trabalho para oito horas diárias se tornou a principal bandeira da classe operária mundial.

Os trabalhadores norte-americanos, aprovaram, então, a realização de uma grande greve geral pela jornada de oito horas. Como diziam eles, sem distinção de sexo, ofício ou idade. E marcaram a data de 1° de maio de 1886. A greve se iniciou na data marcada, se estendeu a mais de cinco mil fábricas e a cerca de 240 mil trabalhadores. Em muitos lugares os patrões cederam, reduziram a jornada de trabalho. Porém em Chicago, que era a segunda maior cidade dos EUA, houve um grave confronto. Já dias antes, a chamada livre imprensa colocou-se a serviço dos patrões e nos dias que antederam a greve, o Chicago Times, por exemplo, dizia: “A prisão e o trabalho forçado, são a única solução para a questão social, o melhor alimento para os grevistas será o chumbo”.

Logo, a greve atingiu grandes proporções em Chicago. Sucederam-se grandes atos de rua e, além dos confrontos que foram ocorrendo, no dia 4 de maio os trabalhadores foram atacados com grande violência pela polícia. Foram mortos e feridos dezenas deles. Foi declarado estado de sítio, os sindicatos foram fechados, e milhares de operários presos pelo crime de defenderem oito horas de trabalho, oito horas de descanso e oito horas de estudo.

Não satisfeitos com essa repressão violenta, os patrões exigiram ainda o julgamento e a condenação dos líderes do movimento. Foi montada então uma farsa jurídica e selecionadas oito das principais lideranças grevistas. Na sua maioria anarquistas. Destes, sete foram condenados à morte e um deles a 15 anos de prisão. Pouco depois, outros dois tiveram suas penas de morte transformadas em prisão perpétua. Terminado o processo, que demorou um certo tempo, em fins de 1887, quatro deles – Spies, Fischer, Engels e Parsons, foram enforcados, o quinto apareceu morto na sua cela. Seis anos depois, o processo foi anulado por conta de todas as suas irregularidades e os três que ainda estavam presos foram libertados.

Em 1891, a II Internacional Socialista, aprovou no Congresso de Bruxelas que no dia 1° de Maio haveria demonstração única para todos os trabalhadores, de todos os países, com caráter de afirmação de luta de classes e reivindicação de oito horas de trabalho. Em os primeiros de maio que se seguiram houve greves, manifestações, choques com a polícia, e não era feriado.

Isto levou a uma situação em que as próprias elites burguesas decidiram que o melhor caminho seria tirar este caráter de luta, revolucionário, do 1° de Maio. E procuraram, nos diversos países, transformar em feriado que denominaram Dia do Trabalho e, desta forma,  procurar que estas mobilizações que se davam com grande combatividade fossem transformadas em meras festas.

É neste sábado o 1º de Maio Pela Vida, Democracia, Emprego, Vacina para todos e pelo Auxílio Emergencial de R$ 600,00, enquanto durar a pandemia. De forma unitária, CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST, CSB, Intersindical, Pública e CGTB realizam ato do Dia Internacional do Trabalhador e da Trabalhadora, em formato de live a partir das 14h, com transmissão da Rede TVT, redes sociais e canais no Youtube das centrais e entidades.

Ato online unificado marca 1º de maio em tempos de pandemia

Esse ano teremos o terceiro 1º de Maio unitário realizado pelas centrais sindicais – o primeiro, presencial, foi em 2019 – e o segundo consecutivo em formato virtual, em respeito ao isolamento necessário ao controle da propagação do Coronavírus. Não é momento de aglomerações, mas sim de preservar vidas.

O Brasil já ultrapassa as 400 mil mortes por Covid-19, mas vacinou menos de 31 milhões de brasileiros e brasileiras até agora, número inferior a 15% da população. A live do 1º de Maio Unitário das Centrais deste ano terá formato diferente do de 2020 (que já foi inédito à época) e duração menor.

No ano passado, foram quase seis horas de ato virtual. Neste, a previsão é de três horas de duração. Total de 18 lideranças sindicais – os nove presidentes mais nove mulheres dirigentes – falarão pelas centrais ao longo da live, além do presidente da Contag, Aristides dos Santos.

Os ex-presidentes da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dilma Rousseff (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) participarão da live. Também estarão no ato, Guilherme Boulos (PSOL), o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), Ciro Gomes (PDT), Manuela D’Ávilla (PC do B), Iago Campos, presidente da UNE; João Paulo Rodrigues, da direção nacional do MST e representante da Frente Brasil Popular.

Líderes e presidentes de partidos que apoiam a luta das centrais sindicais pela vacina e auxílio emergencial de R$ 600,00 também falarão: a deputada federal e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PT), os deputados federais Alessandro Molon PSB e Luiz Carlos Motta (PL), deputado federal Baleia Rossi (presidente nacional do MDB), deputado federal Paulinho da Força (presidente nacional do Solidariedade), Juliano Medeiros (presidente Nacional do PSOL), Carlos Lupi (presidente nacional do PDT) e Luciana Santos (presidenta Nacional PCdoB).

Os dirigentes: os presidentes das centrais Sérgio Nobre (CUT), Miguel Torres (Força), Ricardo Patah (UGT), Adilson Araújo (CTB), José Reginaldo Inácio (NCST), Antônio Neto (CSB); Edson Carneiro Índio (Intersindical), Ubiraci Dantas de Oliveira (CGTB) e José Gozze (Pública). As dirigentes: Carmem Foro, secretária-geral nacional da CUT; Maria Auxiliadora, secretária nacional de Política para mulheres da Força Sindical; Santa Regina, secretária da mulher da UGT; Ivânia Pereira, vice-presidenta nacional da CTB; Sônia Maria Zerino, diretora de Assuntos da Mulher da NCST; Antonieta “Tieta”, secretária nacional da Mulher da CSB; Vivian Queiroz, secretária da mulher da CGTB; Nilza Pereira, secretária de Finanças da Intersindical; Silvia Helena de Alencar, secretáriageral da Pública.

Dezenove entidades sindicais internacionais globais, regionais e de países, como FSM, CSI, e nacionais, como a CNBB, enviaram cartas e mensagens saudando o 1º de Maio Unitário das centrais brasileiras. A live do 1º de Maio Unitário exibirá vídeo que traz a compilação de imagens mostrando que as centrais buscaram diálogo com o objetivo de preservar a vida e, por isso, se reuniram com parlamentares de diversos partidos, presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado e também com governadores para dialogar e propor caminhos para o enfrentamento da pandemia, da crise sanitária e econômica.

Artistas engajados

Os presidentes das centrais discursarão na live a partir de um estúdio. O programa será ancorado pela cantora, compositora e apresentadora Ellen Oleria, que comanda o Estação Plural, na TV Brasil. Também no estúdio, a atriz, cantora e multi-instrumentista paraibana Lucy Alves fará a apresentação artística que encerrará o ato do 1º de Maio Unitário das Centrais Sindicais.

Todos os protocolos sanitários serão seguidos. As falas políticas serão intercaladas por apresentações e depoimentos de artistas sobre o tema deste ano 1º de Maio – Vida, Democracia, Emprego, Vacina para Todos e Auxílio Emergencial de R$ 600,00 até o fim da pandemia. Seguem os artistas que se apresentarão no 1º de Maio Unitário das Centrais Sindicais, cantando ou com depoimentos: Chico Buarque, Elza Soares, Chico César, Teresa Cristina, Delacruz, Johnny Hooker, Marcelo Jeneci, Odair José, Aíla, Renegado, Bia Ferreira, Doralyce; Osmar Prado, Gregório Duvivier, Spartakus, Lirinha, Tereza Seiblitz, Elen Oleria, Paulo Betti.

Nacional e diverso, o ato terá do youtuber Spartacus ao professor e filósofo Silvio Almeida e a nadadora Joanna Maranhão

*Com Informações do Brasil de Fato e do Portal CTB

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