Comissão começa a analisar primeiros projetos da Agenda Brasil

Por Tércio Ribas Torres

A Comissão Especial do Desenvolvimento Nacional (CEDN) iniciou, na tarde desta terça-feira (15), a análise dos primeiros projetos da Agenda Brasil — pauta apresentada pelo Senado com o objetivo de incentivar a retomada do crescimento econômico do país. Foram analisados o Projeto de Resolução do Senado (PRS) 84/2007, que define um limite global para montante da dívida da União, e o Projeto de Lei do Senado (PLS)136/2015, que estabelece um auxílio financeiro para estimular as exportações de estados e municípios.

O PRS 84/2007 é de autoria da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). O relator da matéria, senador José Serra (PSDB-SP), disse que a proposta atende a uma determinação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), no sentido de estabelecer limites para a dívida da União. Segundo o senador, o espírito da responsabilidade fiscal “anda perdido no Brasil”, mas o projeto seria uma forma de auxiliar na transição do atual patamar para um patamar “mais razoável” de equilíbrio fiscal. Serra explicou que os limites serão totalmente implementados em 15 anos.

Esse projeto significa dar um passo imenso no sentido da responsabilidade fiscal no Brasil. A vantagem de fixar limites para as dívidas é criar incentivos a condutas fiscais mais austeras. E isso é uma condição para que o Brasil cresça de forma sustentada — declarou Serra, para quem o projeto ajuda o país e vai ter uma repercussão positiva.

Peso simbólico

O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) apontou que o peso simbólico do projeto é grande, pois o momento exige medidas “austeras e corajosas”. O vice-presidente da comissão, senador Romero Jucá (PMDB-RR), lembrou que estados e municípios têm limite, mas ainda não há uma previsão legal no mesmo sentido para a União.

Esse projeto pode inaugurar um novo momento de responsabilidade fiscal para a União — afirmou Jucá.

Apesar dos elogios, o projeto levantou questionamentos pontuais. O senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) questionou o prazo de 15 anos, como “sendo muito extenso” e sugeriu o prazo de 10 anos. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse não ser contrário ao projeto, mas admitiu ter “receio” de que o texto possa “engessar o governo em algum momento”. Com a manifestação de Lindbergh, foi concedida vista coletiva para o projeto, que deve voltar a ser apreciado na próxima reunião.

Para destacar a importância do rigor fiscal, o presidente da comissão, senador Otto Alencar (PSD-BA), citou uma frase dita no ano 55 a.C. pelo político romano Marco Túlio Cícero: “O orçamento deve ser equilibrado, o Tesouro Público deve ser reposto, a dívida pública deve ser reduzida, a arrogância dos funcionários públicos deve ser moderada e controlada, e a ajuda a outros países deve ser eliminada, para que Roma não vá à falência. As pessoas devem novamente aprender a trabalhar, em vez de viver à custa do Estado”. Otto elogiou o projeto e convocou uma nova reunião para a próxima quarta-feira (23).

Exportações

Outra matéria analisada foi PLS 136/2015, da senadora Lúcia Vânia (PSB-GO). O projeto estabelece ajuda da União para estados e municípios no valor de R$ 1,95 bilhão, para incentivar as exportações. De acordo com o relator, senador Blairo Maggi (PR-MT), o auxílio financeiro vai contribuir para o equilíbrio financeiro de estados e municípios.

Blairo disse que o projeto não cria novos gastos, mas direciona a alocação de um valor já previsto pelo governo. Trata-se, segundo o relator, de um projeto oportuno, que fomenta as exportações e incentiva a competitividade. Um pedido de vistas coletivo suspendeu a votação do projeto, que volta à pauta na próxima reunião.

Blairo Maggi voltou a lembrar que cada senador designado como relator de uma matéria terá o prazo de 15 dias para apresentar seu relatório. Ele ainda sinalizou que um dos próximos projetos a serem analisados é o PLS 186/2014, do senador Ciro Nogueira (PP-PI), que regulamenta os jogos de azar no país.

Esse é um projeto reconhecidamente polêmico, mas tem potencial muito grande de arrecadação — apontou.

Fonte: Agência Senado

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