O encontro do Ministro da Economia, Paulo Guedes, com o Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, realizado na última terça-feira (11), poderia ser uma agenda protocolar, mas na prática esteve longe disso. Em coletiva, após o encontro, o Ministro e o Presidente da Câmara apresentaram profunda sintonia em defesa de uma mesma agenda: a Reforma Administrativa.
O encontro acontece no mesmo momento em que Paulo Guedes se vê enfraquecido na defesa do seu modelo econômico – que impede investimentos públicos e promove forte agenda de redução do Estado – com a saída de vários de seus homens de confiança do Ministério da Economia. Paulo Guedes busca em Rodrigo Maia apoio para recuperar força e se manter no cargo, chagando ao ponto de ameaçar Jair Bolsonaro com o impeachment caso a agenda do mercado financeiro não seja cumprida.
“Os conselheiros do Presidente que estão aconselhando a pular a cerca e furar teto vão levar o presidente para uma zona sombria, uma zona de impeachment, de irresponsabilidade fiscal” – afirmou o Ministro
É imperativo observar que a declaração de Paulo Guedes se faz após o encontro com aquele que pode, efetivamente, abrir um processo de Impeachment contra o Presidente Jair Bolsonaro. O Presidente do Sinfa-RJ, Luís Cláudio de Santana, que sempre pontuou as diferenças de projeto entre diferentes atores que compõem o governo, não se mostrou surpreso com o tom de Guedes e fez uma leitura dos movimentos do Ministro da Economia:
“Paulo Guedes representa os interesses do mercado financeiro e quer manter a regra de ouro para que o governo pague os juros da dívida. O que o governo quer é que a regra de ouro seja alterada para que seja feito o plano pró Brasil, que será trabalhado com juros da dívida pública.” – explicou o Presidente do Sinfa-RJ
E onde entra Rodrigo Maia nessa história?
O mandato de Rodrigo Maia acaba em fevereiro de 2021 e as negociações para a próxima eleição da casa legislativa estão a todo vapor. Sem poder se reeleger no atual cenário, Maia busca brechas jurídicas para poder disputar um novo mandato. Uma Emenda Constitucional para isso seria necessário e o tema se encontra à espera de apreciação do STF.
Mesmo se conseguir a brecha jurídica para mais um mandato, Maia terá resistências na Câmara dos Deputados e, se reeleger não deve ser tarefa simples. O Presidente do Sinfa-RJ acredita que é por aí que se estabelece a parceria de Maia com Paulo Guedes, indo além de uma afinidade ideológica:
“Maia quer ser insuflado para ser reeleito como presidente da câmara. E precisa de grana. Como existe dificuldade em mexer em dinheiro público, através de orçamento, quem o financiaria seria Paulo Guedes.”- alerta Luís Cláudio.