8 de Março: Por Todas as Mulheres

Todo dia 8 de março o debate sobre os direitos das mulheres se evidencia. Seja nos programas de TV e matérias de jornal da grande mídia, seja na página dos sindicatos e de órgãos governamentais. O Dia 8 de Março é mundialmente consagrado como o dia em que o debate sobre os direitos das mulheres é tema central em quase todos os espaços. Uma data de suma importância, mas que, no entanto, não resolve em si mesmo os problemas que nós vivemos o dia a dia.

Nós, do Sinfa-RJ, acreditamos que temos um longo caminho ainda a percorrer para emancipar todas as mulheres e por um fim à sanha machista que cobre nossa sociedade. Ao longo dos anos, conquistamos importantes direitos: o direito ao voto (1932), ao divórcio (1977), aumentamos nossa representação no mercado de trabalho, a Lei Maria da Penha (2006), a Lei do Feminicídio (2015), dentre outras conquistas, mas ainda precisamos de mais! Ainda queremos mais!

É preciso dar um fim em todos os constrangimentos impostos às mulheres ainda em nosso tempo. Os corpos das mulheres seguem submetidos a julgamentos e avaliações baseados em padrões vendidos como comerciais por grande parte da mídia. Mesmo com algumas ações positivas do CONAR, ainda são numerosas as peças publicitárias que se baseiam na exposição do corpo feminino para vender seus produtos, um ultraje em pleno século XXI.

Ainda no campo da mercantilização do corpo feminino, o assédio segue sendo um problema grave para todas as mulheres. Na televisão, as denúncias de assédios nos mais variados tipos de programas (de reality shows à programas de auditório) se encontram em escala ascendente. No dia a dia, 97% das mulheres afirmam já ter sofrido algum tipo de assédio no transporte público e privado segundo o portal G1, fato que viola o direito da mulher sobre o seu próprio corpo e que ainda afeta o direito constitucional de ir e vir.

Além disso, em outra vertente, além das cobranças com padrões estéticos e assédios dos mais variados tipos nos mais variados ambientes, as mulheres também convivem com pressões exacerbadas em temas como a maternidade e o lar, como se isso fosse uma obrigação, tem suas vestes julgadas e até quando vítimas de crimes hediondos, como o estupro, são culpabilizadas por alguns setores mais conservadores da nossa sociedade. Quantas mulheres deixam de ocupar uma vaga, ainda nos dias de hoje, por ser mãe? Quantas mulheres ainda sofrem com a dupla, tripla (se tiver filhos), jornada de trabalho? Por que ainda admitimos como natural que se indague a uma mulher se ela tem filhos? Pior ainda, por que naturalizamos que essa pergunta seja natural a uma mulher e não a um homem? Por que a mulher tem que ter mais responsabilidade com os filhos do que os homens? Quantas mulheres são demitidas após o fim de suas licenças-maternidades?

No ambiente de trabalho, as mulheres ainda sofrem com diversas opressões. Enquanto um homem é cobrado apenas pelo seu trabalho, as mulheres sofrem com cobranças sobre seu corpo e suas roupas; por suas reações e até por suas emoções. Um homem que bate em uma mesa é um homem firme; uma mulher que tenha a mesma postura é tida como descontrolada. A cobrança das mulheres no ambiente profissional extrapolam suas tarefas e invadem a esfera privada no que, é em si, uma outra forma de violência.

Precisamos derrotar a cultura da violência e do assédio que rege nossa sociedade. É urgente que os corpos das mulheres não sejam mais vistos como peças de mercadoria e que as mulheres sejam respeitadas nos ambientes de trabalho. E, para isso, nossa reflexão sobre esses temas não pode se restringir ao dia 8 de março, ela tem que ser permanente. Sindicatos, Movimentos Sociais, Poder Público e todos os agentes da sociedade tem que colocar na ordem do dia o tema do fim das mais variadas opressões contra as mulheres. Para além de debates, homenagens e atos, precisamos construir, na prática cotidiana, uma nova sociedade onde as mulheres possam ser livres e respeitadas, longe das amarras dos padrões que a sociedade por séculos lhes impôs.

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